sábado, 31 de julho de 2010

CONGRESSO ANEMIA FALCIFORME / IMPRESSOES DE UM PACIENTE


José António de Sousa Mangueira, 43 anos, contabilista, residente em Benguela, foi o único angolano que participou no Primeiro Congresso Mundial sobre Anemia Falciforme na condição de paciente.
Estar em Accra resultou de um acto de determinação e fé, com custos enormes para o bolso: cinco mil dólares foi quanto gastou, em despesas com passagens aéreas, hotel e alimentação.
Na leitura que faz do evento, é directo: “Achei interessante o Congresso, muito bom, porque demonstrou que do ponto de vista médico, os países estão preocupados, uns mais do que os outros naturalmente. Destaco os Estados Unidos da América, o Brasil, e em África senti empenho do Ghana, da Nigéria, do Benin. Estão organizados, têm associações de Anemia Falciforme fortes, representativas, e os seus governos estão empenhados”.
Aos 43 anos de idade, José Mangueira tem um historial de sofrimento que é escusado relatar. Imagina-o qualquer um que saiba como actua a Drepanocitose. Por isso, não é de utopias: “Estamos conformados que a doença não tem cura fácil, mas o que gostaria que houvesse é mais investigação. Não falo tanto de investigação nos países ricos como os Estados Unidos, a Europa, o Brasil, que eles lá pesquisam para eles, para as suas populações. Gostaria de ver os africanos unidos, a trabalharem em conjunto, os governos a apoiarem as pesquisas”.
Para Angola, onde lembra que pelo menos 20% da população sofre de Anemia Falciforme, José António de Sousa Mangueira tem ideias muito concretas sobre o que acha que deve ser o caminho: “Precisamos que muita coisa seja feita, à semelhança por exemplo do Brasil, um país forte na atenção ao doente com Anemia Falciforme, com programas de análises, consultas, aconselhamento, acompanhamento. Em Luanda ainda é possível ver-se alguma coisa, mas nas restantes províncias falta tudo, não se vê nada; as pessoas sofrem e muitas delas nem sequer sabem que têm a doença. Seria bom que o Governo subvencionasse os medicamentos, porque são muitas as famílias que não têm condições para lidar financeiramente com esta doença crónica”.

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