segunda-feira, 5 de maio de 2008

A Saúde do Morto



Devo confessar que tem um sabor muito especial iniciar a minha página na Net com referências ao meu romance A SAÚDE DO MORTO, livro com o qual comecei o meu percurso de criador de emoções, utopias e inverdades escritas . Não é por nada , mas sinto como se o título deste volume que a Nzila em boa hora decidiu acolher na sua colecção Letras Angolanas, fizesse parte do meu todo identitário, como se completasse em extensão o nome curto que a definitiva decisão do meu pai reservou, num dia dos anos 60, para mim.

Romance de estreia, que veio secundar o trabalho de fecho de século (Noventa Palavras, 1999, Executive Center) , este rebento de 2002 parece ter nascido bafejado pela sorte, sendo que o seu tempo médio de permanência nas prateleiras enquanto o público se decidia, terá ficado estabelecido em pouco mais de quatro meses. Foi o que os editores consideram, em regra, sucesso de vendas e, obviamente, faz a alegria de livreiros e toda a sorte de intermediários metidos na cadeia de distribuição.

Do livro falou-se com generosa e festiva simpatia intra-muros e lá fora, designadamente em Portugal e no Brasil, tendo tido a sorte de ser apresentado ao público luso em Lisboa, num dia lindo de verão . Para o amparo e conforto devidos, esteve uma amiga radicada por lá mas de raízes super enterradas na mui tropical terra de Angola, a Dáskalos que não degenerou jamais porque saiu aos seus. Não poupou em elogios nem pretendeu ser parca na lista de bondades que acreditou estarem associadas, a montante e a jusante, ao romance. Claro que editor e autor, meio sem jeito, agradecemos honrados e ficamos com a dívida de fazer melhor no tempo seguinte, a começar pela reedição.

Tarde, muito por culpa do défice doloroso do universo gráfico que faz o presente de Angola, o livro ressurgiu numa edição diferenciada em Abril de 2008, que público e crítica voltaram a acolher com a generosidade e graça do tempo primeiro. Mais, até : no entender de António Fonseca, Director do Instituto Angolano do Livro e do Disco (INALD), A Saúde do Morto tem condições para ombrear com os grandes clássicos africanos que se inserem no mundo da oralidade literária. Claro que lisonjeados ficamos todos os que partilhamos a paternidade do rebento, numa situação que permite toda a sorte de leituras conexas, sendo a mais potente de todas elas, a certeza de que , a continuar na escrita (acaso pode admitir-se outra deambulação?) , o autor , ou seja , eu , tenho o dever, o compromisso, a obrigação, o "castigo" , de dar ao prelo composições assumidamente melhores. E é desse cimento que espero esteja feito, de facto, o delicado caminho do meu abraço com a literatura.....

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