segunda-feira, 30 de junho de 2008

MEU NOVO ROMANCE : REPERCUSSÃO NA MÍDIA





Escritor Luís Fernando lança


´´A Cidade e as Duas Órfãs Malditas``






Luanda, 30/06 -ANGOP- O escritor e jornalista Luís Fernando lança terça-feira, pelas 18h00, nos jardins da Rádio Uíge, província do Uíge, o seu mais recente trabalho literário intitulado "A Cidade e as Duas Órfãs Malditas".


A obra, a ser lançada com o selo da Editorial Nzila, está inspirada num episódio histórico que sacudiu a sociedade luandense da segunda metade do século XIX, quando duas pequenas órfãs infectadas de severa moléstia sexual contaminaram respeitáveis cavalheiros, abalando a moral pública e deixando a governação à beira de um ataque de nervos por não existir um asilo que as pudesse acolher.




Os munícipes de São Paulo de Assumpção de Loanda mobilizaram-se numa gigantesca campanha de recolha de fundos, que permitiu a edificação de um lar para órfãs desvalidas e que foi baptizado como Recolhimento Pio D. Pedro V.




Contada em 147 páginas, a estória é salpicada de humor e desencontros improváveis, perpassada sempre pela atmosfera da época, onde pontificavam a desfaçatez dos charlatães multiofícios sempre prontos a vigarizar incautos e os ruidosos desencantos dos habitantes da urbe com os críticos serviços camarârios: sofrível recolha do lixo, energia eléctrica periclitante e abastecimento de água caótico.




O romance será apresentado pelo sociólogo Laurindo Vieira e servirá também para marcar os 30 anos da carreira jornalística de Luís Fernando, iniciada exactamente no dia 1 de Julho de 1978 na então Emissora Provincial do Uíge da Rádio Nacional de Angola.




Nascido em 1961, na província do Uíge, Luís Fernando é licenciado em Jornalismo, pela Universidade de Havana, Cuba, e é autor de seis livros, com destaque para "90 Palavras", "A Saúde do Morto", "João Kyomba em Nova York" e "Clandestinos no Paraíso".

domingo, 29 de junho de 2008

RECUPERANDO VELHOS ESCRITOS





No dia do jogo, o diretor do Jornal de Angola, Luís Fernando, escreveu: "É como se a nação, renascida de um torpor de séculos, se reencontrasse hoje. Como se tudo o que vem de trás não contasse mais. Uma espécie de antes e depois frenético a separar os tempos, numa loucura contagiante que só se consegue por via do feitiço genial do futebol".



LIVROS, LIVROS, LIVROS.....



Editorial Nzila lança obra de Fragata de Morais


Fonte: Angola Press - Editado por AD
23 January 2008


A editorial Nzila vai proceder ao lançamento, na próxima quinta-feira no Centro de Formação de Jornalistas (CEFOJOR), em Luanda, do último livro de Fragata de Morais intitulado “Memórias da Ilha”. O lançamento é feito em alusão ao dia 25 de Janeiro, Dia da Cidade de Luanda, e terá a apresentação do jornalista Luís Fernando.
De acordo com o prefácio do livro, a obra é uma colectânea de crónicas que reflectem em termos abrangentes o que se passou a partir de Março de 1991, sua primeira crónica da era do multipartidarismo, a Fevereiro de 2004, seguindo uma ordem cronológica.Retractam o que o autor observou e sentiu sob o ponto de vista interpretativo de quem naturalmente “atrai a brasa à sua sardinha”. «Não há incongruência no gesto, o cronista para além de relatar o circunstancial igualmente busca nele o ângulo pessoal que apresenta ao pública, a maior parte das vezes o "seu" público"», lê-se no prefácio.Manuel Augusto Fragata de Morais, nascido na província do Uíge a 16 de Novembro de 1941, fez os seus estudos em Angola, Portugal, França (Universidade Internacional do Teatro) e Holanda (Academia de Cinema Holandesa).Colunista do Jornal de Angola, cuja recolha está na origem da presente colectânea de “Memórias da Ilha”, é ainda autor de "Como iam as velhas saber", "A Selva", " Inkuna Minha Terra", "Jindunguices", "Momento de Ilusão", "Amor de perdição", "Antologia panorâmica de textos dramáticos", "A sonhar se fez verdade" e "A Prece dos mal amados".

Última Actualização ( Wednesday, 23 January 2008 )


Clandestinos no Paraíso no hall da RNA

26-08-2005


“Clandestinos no Paraíso” é o título do romance do jornalista e escritor Luís Fernando a ser apresentado esta sexta-feira, no hall da Rádio Nacional de Angola, em Luanda.
O romance ficcionado tem como base a cidade de Luanda e conta as peripécias de um homem, Alegria da Costa, que fruto de uma mudança no seu estatuto social, devido a causas desconhecidas, deixa de prestar a atenção devida à família, particularmente à sua esposa, Dorita Pacheco.


As traições e tramas amorosas no seio do casal são o tónico principal deste novo romance, com 161 páginas, o segundo de Luís Fernando.


“Clandestinos no Paraíso” conta com uma tiragem inicial de 2.500 exemplares, e será comercializado a 15 dólares ou o equivalente.

in Site da Rádio Nacional de Angola

NA HORA DA POLÍTICA



MPLA apresenta responsáveis para a

preparação das eleições




Luanda, 29/05 - O Comité Provincial do MPLA em Luanda apresentou quarta-feira a noite a sua comissão responsável pela preparação das próximas eleições legislativas, previstas para Setembro do corrente ano.A apresentação da estrutura decorreu no Centro Cultural e Recreativo Kilamba, localizado no município do Rangel, durante um encontro de confraternização com jornalistas de diversos órgãos de comunicação social do país.A comissão é coordenada pelo primeiro secretário provincial do MPLA em Luanda, Bento Bento, coadjuvado por Maria Carolina Fortes, que responde também pela área de acção política, onde é assessorada por Maria Antonieta Baptista.

A área das finanças será atendida por Jesuino Silva e Gomes Cardoso, a da logística por Maria Catarina e Alberto Marques Domingos, enquanto a de preparação e organização de evento por Adriano Mendes de Carvalho e Albino da Conceição.Manuel Augusto Fragata de Morais e Manuel de Carvalho "Wadijimbi" irão trabalhar na área de aliança e administração. Já Manuel Teodoro Quarta e Solange Machado atenderão as questões jurídicas e relações públicas.


O comité escolheu para mobilização de massas Manuel Francisco Bernardo e Elias de Carvalho. A agitação e propaganda está a cargo de José Bandeira da Costa, enquanto o asseguramento de comunicações de Júlio de Carvalho.Os membros do MPLA Júlia Ornelas e João Afonso Sampaio serão responsáveis pelo secretariado, enquanto a área de Marketing Político estará com Manuel Mariano.O Gabinete de Imprensa será coordenado por Luísa Damião, coadjuvada por Albino Carlos, ambos membros do comité de especialidade dos jornalistas.Na cerimónia, presidida por Bento Bento, na qualidade de primeiro secretário do comité provincial, foram apresentados os responsáveis pelos grupos alvos de eleitores.Assim, Malaquias Pedro responderá pelos antigos veteranos e combatentes de guerra, Maria da Conceição Kaposso para os mercados, pequenos comerciantes e zungueiras.


Manuel Sebastião, Mariana Afonso e Adelino Kachalandala prestarão atenção às igrejas e aos médicos e enfermeiros , respectivamente.Para a juventude estão indicados Ana Bela dos Santos e Baltazar de Oliveira, enquanto nas mulheres estão Eulália Rocha e Genoveva Lino.Já a educação está a cargo de Domingos Vieira Dias Tomás e Adriano Patrocínio. Costa Gabriel e José Luís responderão pelos taxistas e empresas de transportes.


Luís Fernando prestará atenção aos jornalistas e Sianga Abílio e Domingos Tomás ao empresariado. A área rural e entidades tradicionais está a cargo de Dulce Nginga e Leonel Mateus.António Manuel Fiel Didi e Júlio Bessa responderão pela associação de amigos e pelo governo, respectivamente.
in AGENCIA ANGOLA PRESS - ANGOP

CRONICANDO NO JORNAL DE ANGOLA


Segurança privada e seus dilemas


por Luís Fernando



Surgiram na febre dos negócios privados que nasceram,como cogumelos,nos célebres tempos do abraço ao capitalismo. Ou, para usarmos a linguagem que se ajusta à época,vieram com a economia de mercado. Era moda, quase. Como as rolloutes.As empresas de segurança,delas falamos,ocuparam um espaço que revolucionou o meio.Passamos a contar com elas ao matabicho e ao jantar. Tornaram-se omnipresentes.Não há ponto da cidade (Luanda é o limbo delas) onde não se vejam os novos homens em armas.Como microscópicos exércitos. À entrada de edifícios, à porta de lojas, de instituições públicas. Nas cantinas, é hábito vê-los sentados ao fundo. De AKM em punho. Posição de ataque, quase.


Claro que aquilo que começou como uma novidade festiva, um dia tinha que fartar. E assim aconteceu de facto. Sobretudo depois que o transporte e escolta de valores (dinheiro) entrou para o “objecto social” dessas empresas. Muniram-se de viaturas blindadas e a segurança dos dinheiros alheios passou a exigir a intervenção de mini-exércitos. E a cidade encheu-se de mais sirenes, de mais armas e mais sustos. O trânsito, já de si problemático, ganhou um novo factor de caos. Os apressados “seguradores” queriam é passar, passar e acabou-se! Terá sido aqui que começou o coro de reclamações e protestos em torno desta actividade. Os primeiros pronunciamentos da Polícia a prometer nova conduta e nova postura ouviram-se então. Certo é que nunca foi o negócio da protecção de vidas e bens considerado pernicioso. Nem uma espécie de patinho feio da nova realidade, a do capitalismo emergente. De que se queixam autoridades e cidadãos é dos excessos. Porque todos reconhecem que as empresas de segurança projectam-se como auxiliares da Polícia Nacional na preservação da ordem, na manutenção da tranquilidade. A simples presença de um vigilante num local inibe a ousadia do delinquente. É óbvio.


O debate saiu à rua. Está na ordem do dia. Qualquer coisa precisa de mudar. A começar, se calhar, pelo poderio bélico concentrado em mãos das empresas.Já quase Exército Nacional e empresas de segurança não diferem.Pelo menos no que toca a armas individuais de infantaria. AKM de um lado e AKM do outro.Já só faltam, quase, canhões e tanques. O quem é quem impõe-se, portanto, diante desta promíscua convivência. As autoridades, nisto, estão claras: não se pode continuar a olhar, com indiferença, para esta realidade.É desejável, mais do que isso, fundamental, que o poder de fogo reunido pelas empresas de segurança seja reduzido. Para que não se quebre a proporcionalidade admissível entre público e privado, entre o Estado e os governados.No plano das relações institucionais, é esse o cenário. Que anda de estudo em estudo, de opinião em opinião.Cá abaixo, na realidade prática do dia a dia, as urgências, os dilemas e os conflitos são de outra natureza. Bem mais terrenal, pouco a ver com a filosofia, com legalidades, com normas de coabitação no espaço de todos nós, que é a Nação. Do que se fala aqui é da barriga dos empregados.


Milhares de homens colocados nessas empresas raramente dizem que ganham bem. Queixam-se dos salários. Dizem que são de miséria. Para sustentar verdadeiras barrigas de fome.Falam disso a medo. Sussurrando quase ao ouvido do repórter, não vá o diabo tecê-las. Quatro mil kwanzas é o que ganham alguns, quando ainda por cima sabem que pela sua cabeça o “patrão” factura folgadamente. Muitas vezes dois mil, três mil dólares. O que lhes vai parar ao bolso,como migalhas caídas de mesa de rico, são míseros quatro mil kwanzas.Vê-se neles revolta e inconformismo. Não poucas vezes, partem para soluções muito suas. Participam, em cumplicidade criminosa, nos roubos de que são alvo as empresas que era suposto protegerem. E depois somem. Ninguém mais os vê.O fim bizarro de uma relação laboral totalmente contrária ao que recomendam os gurús da gestão moderna. O conceito de empresa feliz não mora aí. Aquelas em que os trabalhadores são bem pagos, tratados como gente, para se sentirem parte do negócio, família, educados até para tolerarem provações como atrasos de salário, pedidos de ajuda indeferidos ou contrariedades de outro tipo.Sente-se que existe um desapoio a esses homens que encontraram nas empresas de segurança uma espécie de tábua de salvação. Porque,sejamos honestos,também não é muito o que em regra podem dar,em matéria de competências intelectuais.Quase sempre a tropa no ontem tenebroso roubou--lhes tempo e oportunidade para a aprendizagem. Domínio de ofícios não é coisa de que se possam gabar amiúde.


O conhecimento e a arte do gatilho é o pouco que resta. E os empregadores sabem disso. Instala-se uma espécie de ciclo de chantagem. Paga-se pouco porque ele precisa, necessita. Se estiver inconformado, abandona. E se abandona, outros quererão o lugar. E a dança fica por anos nesse desiquilibrado compasso. Uma verdadeira injustiça aos olhos de todos. Por isso, este tema é de soberba actualidade.

CLANDESTINOS NO PARAÍSO ...fala a CRÍTICA




in TRIPLO V.com.org , de FRANCISCO SOARES




Nos últimos tempos mais nomes e peças há a considerar. Destacaria Jomo Fortunato, pela crítica nítida, incisiva e concentrada em primeiro lugar no artefacto literário. Veja-se por exemplo o início da última recensão que fez, a Clandestinos no Paraíso de Luís Fernando: “a reutilização do pendor humorístico da crónica, o recurso à descrição pormenorizada da reportagem e a hábil transfiguração da objectividade da notícia podem constituir subsídios válidos à composição da tessitura complexa do romance” (Fortunato, 2005: 2). Isto é colocado logo no início da recensão. A hipótese de partida é, portanto, estritamente literária: que tais ingredientes são válidos para tecer um romance. Depois desenvolve a leitura do texto, sendo-lhe fiel mas sem deixar-se cair no fechamento formalista, rentabilizando portanto a análise literária pelas relações contextuais que ela estabelece, relações que já na obra estão sugeridas e organizadas. Por isso nos diz que a obra (Clandestinos no Paraíso) é um “retrato social e comportamental de um segmento reprovável da sociedade luandense” (não diz que tem de o ser, mas que é). Ou seja, há nele uma leitura artística e estrutural, mas também a consciência da interacção entre o sistema literário e o sistema social. Por essa característica, tenderia a incluí-lo, com toda a saudável heterodoxia de que dá sinais, na linhagem de Mário António, David Mestre e Arlindo Barbeitos.

CLANDESTINOS NO PARAÍSO...visto por JORGE EURICO



Jorge Eurico «Várias histórias sobre a História de Angola»



(...) entre o exemplo de miúdas interesseiras e de homens “gastosos” está também no último romance (perdoem-me, mas confesso que não tenho o título na memória) do jornalista Luís Fernando.


Luís Fernando fala de miúdas que ao mínimo piropo, piscar de olho ou corte pedem logo que se alimente os seus telemóveis. “Se estás interessado, manda um saldo de USD 10. Se gostas de gostas de mim, manda um saldo de USD 20. Se me amas, manda um de USD 50 (sic)”.


Isto é a prova provada de que o ter sobrepõem-se ao ser e que as miúdas, nos tempos que correm que nem vento, não têm estado com meias medidas: ou tens, ou não tens. E quando não se tem, não se apanha nada! Elas, as miúdas (sem ofensa, porque nem todas são farinha do mesmo saco), estão tão interesseiras, tão interesseiras que nem macacas perante um cacho de banana. Agora compreendo porquê que o meu velho amigo e colega Nhuca Júnior (prefiro António Campos) inventou a teoria do “chique, cheque e choque”. Esta teoria, segundo ele, funciona com (quase) todas as miúdas. Sejam elas de nariz empinado e rabo rabugento que, muitas vezes, nos deixam de queixo caído ou quase a partir o pescoço quando passam por nós. “Chique, cheque e choque”.


Eu explico: o “chique” é aquele viabiliza, por meio de recepções, festas e outro tipo de convívios sociais e culturais, a entrada delas para o nosso (desnorteado e intelectualmente pobre) jet-set. O “cheque” é o que tem bolso para sustentar todas (e mais algumas) necessidades delas, tais como o cabeleireiro, a manicura, a pedicura, etc., etc. O “choque” é o que está para defende-las (com unhas e dentes) quando com qualquer tipo de problemas que exija alguém que os tenha no lugar. Cá por mim, já decidi. Nunca, apesar de ser mau dizer que desta água jamais beberei, serei “gastoso” para com ninguém. Ao meu bolso (furado, acrescente-se), nenhuma vai! Eu hein! Que Deus me livre e guarde… delas!


jorgeeurico@noticiaslusofonas.com 22.03.2006 Voltar
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ESTIGMAS SAGRADOS, de HENDRIK VAAL NETO



Editado pela Fundação Eshivo ("conhecimento", em dialeto kwanhama), relata em fragmentos de prosa e poesia um conjunto de fatos sobre a época colonial.


Para o poeta João Maimona, que escreveu a apresentação, o livro é honesto e corajoso ao abordar facetas positivas e negativas da luta de libertação nacional. "A velha e vergonhosa ordem de perseguições e violência do colonizador e a nova ordem de ganhos e perdas, resultantes da triste divisão entre angolanos, é bem espelhada pelo autor", escreveu.

Por sua vez, o diretor do Jornal de Angola, jornalista Luís Fernando disse que Hendrik Vaal Neto participou da guerrilha por opção e consciência patriótica, observando e anotando os fatos relatados no livro.
Hendrik Vaal Neto já publicou os livros Vagueando e Roque - romance de um mercado, este tendo como cenário o mercado Roque Santeiro.

APRESENTANDO OBRAS DE AMIGOS E CAMARADAS



Roque Santeiro – Romance de um Mercado.

“O inequívoco acerto na escolha dos temas para as suas obras, o empenho ao dar – lhe corpo, mas, sobretudo, a profundidade quer do verbo como da acção narrativa, fizeram do autor de Vagueando e Roque Santeiro um produtor de classe ímpar que pode, se quiser, deixar – se onde está, sem correr qualquer risco de ostracismo ou de consideração menor". Assim diz Luís Fernando, o prefaciador da obra Roque Santeiro.


Para o jornalista: “quem conhece Vaal Neto na força vulcânica do seu ser, sabe que é homem de e para muitos mais, pelo que será lícito aguardarmos todos, por nova entrega para deleite e fruição. Em prosa ou poesia, quiçá numa mescla suculenta de ambas, haveremos de ter, ao que tudo indica, mais Hendrick para ler, porque as penas leves abominam a reforma e a preguiça castradoras”...

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LIVROS DE AMIGOS.....






Autor/Fonte:
Angop
Publicado:
24-08-2007
Multimedia




Jornalista e escritor Luís Fernando, apresentou a obra


"Angola no Conselho de Segurança da ONU - experiências e contribuição prática na resolução dos conflitos em África", é o título de um livro da autoria de três diplomatas angolanos que fizeram parte da missão de Angola em Nova Iorque, apresentado recentemente, em Luanda.O livro, com 317 páginas, retrata os grandes momentos da participação de Angola, como membro não-permanente do Conselho de Segurança (CS) da ONU, de 2003 a 2004, e foi escrito pelos diplomatas José Paulino da Silva, António e Isabel de Jesus da Costa Godinho.




Apresentado pelo jornalista e escritor Luís Fernando, a obra explica como se processa a candidatura dos Estados à condição de membros não-permanentes e recolhe o essencial da visão da diplomacia angolana em relação aos conflitos que à época se manifestavam drasticamente no continente africano, entre eles os da Côte d`Ivoire, Serra Leoa, Libéria, Somália, RDC, Darfur e Uganda.Para o apresentador, o livro faz parte dos recursos essenciais para quem segue os caminhos e labirintos da política, nomeadamente, diplomatas de carreira, deputados, juristas, economistas.




Por seu turno, o diplomata José Paulino da Silva, um dos co-autores da obra, afirmou ser compensador que o esforço do seu grupo redundar num vigoroso interesse de especialistas de vários horizontes, consultarem o livro e fazerem dele um útil material de estudo.

OLHANDO PARA AS OBRAS DOS OUTROS



in "ANGOLA DIGITAL ARTE E CULTURA"


O jornalista e escritor angolano Luís Fernando considerou, esta quinta-feira à noite, que o novo livro de crónicas de Fragata de Morais constituiu um verdadeiro instrumento para a memória colectiva do povo angolano, pois surgiu num ano especialmente positivo, sobretudo pela carga política de muitos dos seus textos.


O ex-director do Jornal de Angola fez essa abordagem durante a cerimónia de apresentação do trabalho, publicado pela editorial Nzila, tendo afirmado que os textos carregam a marca de um período conturbado da nação, recordando a época da "esperança de uma paz definitiva na sequencia dos Acordos de Bicesse", em 1991.Para o apresentador de "Memórias da Ilha", lançado no âmbito das festividades dos 432 anos da cidade de Luanda, o leitor poderá aproveitar esses textos para perceber como "os nossos ricos sonhos foram dolorosamente truncados". "Lendo as crónicas desse momento da nossa história como nação, acabaremos por perceber como aqueles que nos empurraram para as eleições aceleradas no curto espaço de 16 meses se borrifaram para o desfile interminável de caixões rumo a cemitérios improvisados e pelos nossos milhares de mortos insepultos, as cidades explodidas; bombardeadas; os medos, as angústias, o nosso infinito sofrimento".No entender de Luís Fernando, uma crónica serve para isso mesmo: reter o tempo, "fazendo de lembrança grata ou amarga para quem foi coetâneo do autor; mas servindo de luz, de ensinamento de conhecimento do passado para quem não o viveu, para quem, entre outras lições, se aprenda definitivamente o que custou a liberdade".


O jornalista afirmou que é lendo obras como “Memórias da Ilha” que se perpetua, nas lembranças de gerações diferentes, o facto de Luanda já ter tido "febres piores que a cólera e que tem problemas tão antigos e tão insolúveis que dão cabo de todas as gerações, para ninguém se rir de ninguém".Para os mais constantes do Jornal de Angola, Luís Fernando recorda que este livro já foi lido no passado, em formato diferente, com o cheiro a tinta especial dos tablóides, entre notícias boas algumas e angustiantes outras, publicadas por aquele periódico."Agora, sejam eles como os que não leram as crónicas quando elas vieram estampadas no Jornal entre 1991 e 2005, temos todos a oportunidade de encontrar reunidas, num só volume, esses textos que têm o valor eterno do género: o de capturar no tempo pedaços de história que muito dificilmente se conseguiria de outro modo", fundamentou.De forma a evitar equívocos, o jornalista explica que a obra não se circunscreve apenas na realidade da Ilha de Luanda, pois o autor apresenta um olhar atento, crítico e incisivo à volta de toda a cidade, mas sem pôr de parte o país inteiro.


"Só tenho que vos sugerir a leitura, para que se alegrem e se entristeçam com os mesmos prazeres e angústias que acompanharam Fragata de Morais nos dias de inspiração das suas crónicas, que foi deixando sem se cansar e sem cobrar nada nas bancas do nosso jornal, desde o princípio de 90 a princípios de 2000", concluiu.

ENTREVISTA....(3-FIM)





P: Noventa Palavras é precisamente um pouco do que já tivemos a oportunidade de tomar conhecimento pelo verbo de Luís Fernando. Este seu livro, uma compilação de textos jornalísticos representou a sua vontade de avançar para a literatura?...
R: Não direi o contrário. Noventa Palavras será, se quisermos, a ante-sala do meu abraço definitivo com a literatura, embora deva reconhecer que nunca, nos meus anos de exercício do jornalismo, tenha olhado para a literatura como coisa distante, inalcançável, para outra gente. Sempre estive no jornalismo vivendo paredes meias com a literatura. Por isso é que o salto foi natural e começou, a bem dizer, em plena lavra jornalística, com o Noventa Palavras.



P: Certa vez conversava com um político que me dizia que tinha mais tempo do que em muitas profissões para se dedicar à literatura. O mesmo ocorre, consigo, no jornalismo?
R: O meu trabalho deixa-me com pouca margem para a escrita. Sou gestor de uma empresa com mais de setecentos trabalhadores e com muita coisa para resolver. Chego a casa diariamente entre as 20 e as 21 horas, com o cansaço a tolher-me o físico e a mente, mas, quando me dá a inspiração, apelo ao espírito de sacrifício que todo homem de escrita tem dentro. Deixo que todos vão para a cama, a minha mulher e os meus filhos, e aí torno-me dono e senhor da solidão, da noite, para deixar fluir as ideias, para criar como bem entender. Entre a uma da madrugada e as cinco horas, é um tempo bom para deixar falar as musas.



P: Há, de facto, uma renovação naquilo que se hoje apresenta em termos de literatura e de jornalismo. Concorda com esta afirmação?
R- Plenamente. Angola está num tempo de graça em matéria de jornalismo e literatura, sobretudo desta última. Escreve-se muito e com alguma qualidade. Praticamente todas as semanas há um livro novo que entra para as livrarias. Os nossos autores estão imparáveis, o que nos deve alegrar a todos. Chegará o tempo em que as coisas se vão decantar e sobreviverão apenas os escritores de talento. É um processo natural de selecção, que já pode começar a ser visto quando este ou aquele autor resolve apresentar um novo rebento seu. Há escritores que não vendem mais do que vinte livros no dia da apresentação dos seus livros, enquanto outros esticam a fasquia para os duzentos ou trezentos. Sobre o jornalismo, devo acrescentar que estamos bem, pela diversidade de veículos a circular, mas há que admitir, honestamente, que continua a ser um clamor a melhoria da qualidade da escrita. Há ainda muita «marretada» sobre o português.



P: «Uma geração não se forja do pé para a mão, nem precisa de dar lugar a manifestos de intenções estéticas muito bem definidas. Antes pelo contrário, define-se em função do momento histórico e do modo como o retratam». Que comentário faz a esta célebre frase de Serafim Ferreira?
R: Concordo com Serafim Ferreira. Não se precisa de sair por aí aos gritos a definir momentos ou fases da escrita, o importante é que se escreve porque há inspiração, porque existe motivação e vontade; e os estudiosos que se encarreguem do resto. Nunca me sentei a pensar: «pertencerei a que geração ou a que corrente literária?». Quero apenas é fazer bem as coisas, chegar aos leitores e transmitir-lhes o mesmo gozo que me faz ficar diante do computador muitas madrugadas.



P: Voltemos à sua produção literária. Recordo-me que A Saúde do Morto, seu primeiro romance [ou livro de contos?] foi apresentado numa sexta-feira, 13, dia de azares na tradição africana. Acredita no misticismo, superstições ou magia?
R: Há que dizer que foi uma simples coincidência a apresentação do meu primeiro romance numa sexta-feira 13. A data inicial era a sexta-feira anterior, 6 de Outubro de 2002, mas a minha filha e a minha mulher teriam ficado de fora se o acto se realizasse. Encontravam-se hospitalizadas e houve que atrasar por uma semana a apresentação. Claro que não sou supersticioso e por isso mesmo avancei com a cerimónia sem vacilar. Agora, se o feitiço existe, se há coisas estranhas que acontecem e ninguém as explica de modo convincente, é uma dúvida, um mistério que permanece. Precisamente por isso existe em A Saúde do Morto, a saga de um homem que existiu de facto e de quem se diz que se deixava apodrecer na cela da PIDE (polícia política portuguesa) para se ver livre. Não são poucas as pessoas que juram a pés juntos que ele fazia isso e, coisa curiosa, até sou amigo de um dos seus filhos, que não nega as façanhas do pai. E o que devo fazer: acredito ou não?



P: Apesar de ter crescido num meio que lhe propicia o domínio da língua nacional, não o manuseia na literatura com grande desenvoltura. Porquê?
R: Nasci num meio kikongo (Uíge) e devo confessar que é mínimo o domínio que tenho da minha língua materna. Uma grande pena, mas explica-se facilmente: a minha aldeia era demasiado vizinha dos bairros ricos da próspera Carmona e era inconcebível, então, que um menino que se juntava a petizes brancos fosse falar em kikongo. Seria expulso da escola, no mínimo. Práticas cruéis de um colonialismo que, felizmente, os ventos da História levaram.



P: O espaço em que decorre toda a estória apresenta características de um estado de natureza. Note-se nesta passagem: «Como puderam andar aqui tantos anos sem um comício, sem uma chicotada do poder, um homem enforcado em praça pública para impor respeito? Moles!!» (págs. 21-22). Sabe-se que o epicentro é a aldeia de Tomessa, mas de que forma construiu a estória?
R: Na verdade, a história não se passa na aldeia de Tomessa, onde nasci e cresci, mas numa aldeia intemporal e inexistente, sem nome. O universo é de facto o Uíge, mas a aldeia é simbólica, poderia ser qualquer uma. A única aldeia referida no livro e com existência física, com existência real, é a aldeia do KAPA e surgiu tal qual se conta. Um sujeito chegou a um lugar ermo, construiu a sua casa onde vivia com a esposa, logo depois arranjou outra mulher, depois outra e depois outra, construindo para cada uma delas uma nova casa e o lugar foi crescendo em extensão. Quem conhece o Uíge e se desloca no percurso Uíge-Negage descobrirá facilmente a aldeia do KAPA.



P: Há um aspecto que julguei pertinente. É o facto de inicialmente ter entregue ao Editor do livro a estória com pouco menos de 60 páginas A4, pelo que foi aconselhado a avolumá-la. Que final teria João Kyomba na versão original?
R: Curiosamente o final não mudou. As cenas que tive de criar para tornar mais volumosa a estória aconteceram no meio, tive de inventar o personagem Kyomba Filho e toda a sua saga paralela, a menina por quem se interessou de forma endiabrada, a reunião dos feiticeiros, o fim trágico da rapariga, a outra grande aventura do filho do herói-vilão, enfim, tudo acontecimentos criados em catadupa para dar consistência e volume à obra, mas que, longe do aspecto físico da obra, acabaram no fundo por valorizá-la enormemente, creio.



P: Penso que, por isso, a estória perdeu o fôlego. João Kyomba, que era o centro das movimentações e inquietações da aldeia, passa a ter uma actuação cada vez mais monótona, chegando mesmo a chorar, sentimento que não teria de acordo com o ímpeto que apresentava de início...
R: Fico feliz por ser essa a sua leitura. A graça da literatura está precisamente aí. Os leitores põem, também eles, a sua imaginação a voar, a sua interpretação a funcionar, enfim. Sabe que não me dei ao trabalho de ver se João Kyomba teria menos ímpeto com o surgimento de Kyomba Filho? Ah, que bom escrever para sermos reescritos por outros. O gozo da literatura é isso. É a força de quem escreve, acredite!



P: Dario de Melo disse que, se os livros tivessem rótulos, este teria o do realismo mágico. Concorda?
R: Plenamente. Não escondo que o fascínio, a atracção, pelo imaginário da América Latina deixou marcas profundas em mim. Senti-me muito feliz quando um colega (também jornalista e escritor) fez um apontamento sobre o livro para uma revista editada em Portugal e começou logo por encontrar semelhanças de estilo com a genial obra de García Márquez. Claro que as distâncias devem ser rigorosamente salvaguardadas, mas é bom, muito bom, quando as pessoas descobrem que o meu livro está salpicado de realismo mágico. Não há escola que admire mais do que essa na literatura e muito dificilmente um dia poderei afastar-me dela. Tenho mais dois livros feitos e com circulação prevista para breve que leio e releio para chegar à mesma conclusão: «a atmosfera dos mestres latino-americanos continua lá, o realismo mágico está de novo presente». Sinto-me bem a enveredar por esse caminho.



P: É verdade que a ficha cadastral do homem em quem inspirou-se para forjar o João Kyomba consta, algures, no espólio da ex-Pide DGS arquivado na Torre do Tombo, em Portugal?
R: Acredito que vasculhando as pilhas de papéis da Torre do Tombo seja possível encontrar referências pidescas à pessoa do grande Kibabo, um cidadão do Negage que complicou a vida à polícia política portuguesa. Mas se lá não consta nada -tese bastante improvável- , resta o consolo de ainda continuarem vivas muitas pessoas que conheceram a figura inspiradora de João Kyomba e que não se cansam de relatar-me novos e surpreendentes episódios. Em Outubro passado (2005), numa reunião de naturais do Uíge, veio ter comigo um cidadão de meia idade e depois de um abraço fraternal disse isto, mais palavra menos palavra: «Muito obrigado por tudo o que fazes pelo Kibabo através dos teus livros. Sou irmão dele». Fiquei petrificado, pois nunca tinha tido antes qualquer reacção de um parente do homem que, segundo a lenda (?) , apodrecia nas celas da PIDE mas ressurgia pujante depois de atirado para uma vala comum.



P: Como caracteriza a personagem principal e o narrador face ao autor, já que os dois últimos se confundem.
R- Os meus livros estão escritos para uma leitura sem complicações. Narrador e autor são uma mesma entidade, no fundo. Enquanto autor, relato as aventuras de João Kyomba na cidade de Nova Iorque como se eu lá estivesse também no ano 4000, facilitando a missão do narrador. Dá a impressão que existe um esforço de entre-ajuda entre ambos, para tornar conhecida a actuação do herói, a personagem principal, no caso João Kyomba. É caso para dizer que o narrador sou eu, o que, na visão de alguns estudiosos, acaba por ser o resultado inevitável do meu longo percurso de jornalista (quase trinta anos), onde se adquire o hábito de contar aos outros as histórias. Não encontro razões para negar esta tese !



P: A sua literatura é caracterizada pela linguagem fluida e a simbiose entre a ironia e a facécia. Procura desviar-se, por esta via, para um rumo literário aparentemente mais desligado da sua realidade?
R: Adoro criar situações inverossímeis. Gosto que o leitor diga, extasiado: «ah, este Luís Fernando está a inventar aqui». De facto, quem ler o meu livro e não soltar uma exclamação assim, tenho que dizer que alguma coisa não funcionou. Não contem comigo para relatos estritamente verídicos ou verificáveis. A menos que algum bicho me morda nesse futuro, que espero seja o mais longo possível, nunca me verão a fazer a crónica verídica da História; para isso já basta o jornalismo. Tomo a literatura para espairecer, criar cenários, dar asas à imaginação. É só ler Gabriel García Márquez para se ver como o meu grande ídolo é capaz de, até num romance histórico como O General no Seu Labirinto, descreve Simón Bolívar em situações que muito dificilmente poderão ter acontecido. É uma literatura de puro prazer, para fruição, para gozar, divertir-se, relaxar, que me proponho abraçar. É disso que eu gosto e ponto final!



P: Até agora só publicou prosa. Nos momentos de maior inspiração já engavetou alguns textos poéticos?
R: Não sei escrever poesia, embora a desfrute de tempos a tempos. Gosto dos dizeres entendíveis e constato que, em muita da poesia que nos é servida de bandeja por aí, há tudo menos mensagem, menos comunicação. A pessoa lê e não tem nada para dizer ao filho, à mulher, ao amigo que está por perto. Já na prosa, no romance, há uma estória ou várias estórias que partilhamos docemente com quem nos é próximo, nos é querido. Não tenho veia de poeta!



P: Dizia Gabriela Antunes que, antes de se escrever um livro deve-se ler, uns 100. Que escritor ou literatura tem por referência?
R: Leio muito Gabriel García Márquez, mas os nossos também. Manuel Rui, Pepetela, Luandino e Aníbal Simões. Há uma descoberta recente que me está a dar um gozo tremendo, o cubano Pedro Juan Gutiérrez, que vai ser seguramente um nome fabuloso das letras mundiais. Quem duvide que leia El Rey de La Habana.



P: Há uma frase que tenho sempre em mente: «o jornalista é o cronista do seu tempo». A sua primeira passagem por Nova Iorque em 1993 e os atentados terroristas de 11 de Setembro de 2001 que destruíram as torres gémeas do World Trade Center foram o ingrediente que precisava para compor uma história (João Kyomba em Nova Iorque), tentando escrever a história sob a veste da ficção?
R: Diria que foram mais as passagens por Nova Iorque a determinarem a motivação, não tanto a tragédia do 11 de Setembro. Conhecer Nova Iorque foi um caso de amor à primeira vista e achei simpática a ideia de um aventureiro da estirpe do João Kyomba mergulhar numa cidade assim, onde sofreria com os naturais e incontornáveis problemas de adaptação mas faria adoráveis estragos atendendo aos seus poderes de feiticeiro africano. No fundo o livro é uma abordagem divertida, suave, simpática, uma paródia à vida frenética de uma cidade de matiz profundamente americana apesar do seu cosmopolitismo, onde está muito presente o egoísmo dessa nação e a crença enraizada de que ninguém supera a América.



P: O seu terceiro romance, «Clandestinos no Paraíso», parece-se com um apelo social. Como justifica, na sua obra, o epíteto de paraíso que atribui, sub entendendo no título, a Luanda?
R: No romance que alude Luanda é, de facto, tratada como «paraíso». Faço-o com total responsabilidade, agarrado à ideia de que é nela que vivem os homens e mulheres que se movimentam na história e parecem todos felizes, desde o Alegria da Costa que tem uma vida ostensivamente boémia e de procura incessante do prazer, à mulher Dorita que, à sua maneira, consegue resposta para os seus apetites mundanos mantendo uma longa e secreta relação adúltera com o melhor amigo do marido, Tobias Melaço. Segundo rezam as Escrituras Sagradas, o paraíso é um lugar onde as pessoas se sentem bem num grau supremo e aquilo o que o meu livro reserva a Luanda como local dos factos, não tem grande diferença. As pessoas desfrutam do álcool, da festa, do sexo e até do prazer mórbido da traição com uma alegria fantástica. Pelo menos para os hábitos e gostos dos humanos, um paraíso deve reunir todos esses ingredientes e Luanda consegue-o !



P: A afirmação dos valores africanos que faz nesta obra («Clandestinos no Paraíso») é uma questão que avulta na sua literatura. Fale-nos dos seu posicionamento enquanto escritor sobre este tema.
R: Ainda bem que descobre essa tendência nos meus escritos. Sou de facto um africano orgulhoso dessa condição e vivo tendo em alta conta o melhor do nosso estatuto de filhos de África. Como escritor, é claro que representa para mim uma mais valia mergulhar nesse esquema de valores, os africanos, por conhecê-los bem e concordar com grande parte deles. Assim falo do que sei e passo para os meus semelhantes o espelho da minha alma, no que aliás não invento absolutamente nada, pois lendo por exemplo contos dos irmãos Grimm capta-se facilmente a atmosfera da Europa antiga ou apreciando autores latino americanos da estirpe de Gabriel Garcia Márquez, ficamos a saber do imaginário da região, aquilo em que crêem as gentes de lá, ao mesmo tempo que descobrimos (ou pelo menos julgamos insinuado) o posicionamento dos escritores da América Latina.



P: Todos os seus livros têm sido editados pela Nzila. Tem estabelecido uma periodicidade para publicar ou este critério é-lhe ditado pela inspiração?
R: Tenho a Nzila como minha editora pela seriedade e alto profissionalismo do seu trabalho. O Arlindo Isabel, pessoa a quem me liga uma relação que há muito superou a simples amizade para assumir contornos de uma irmandade não sanguínea mas efectiva (desde 1978 que seguimos juntos o caminho tortuoso da vida), faz com uma correcção irrepreensível o trabalho a que se consagrou um dia e merece toda a minha confiança. Claro que não existem imposições de tipo algum, nem de datas nem de temas, sendo eu livre de apresentar as minhas propostas literárias sempre que as tiver. E se eu decidir ficar anos sem publicar coisas novas, está claro que a Nzila e o seu director respeitarão a minha opção. A inspiração é que manda mas procuro impor-me uma certa disciplina, apresentando no mínimo uma obra por ano.



P: Acredita que a literatura angolana tem um ícone do qual haja seguidores?
R: Não, ninguém segue ninguém entre nós, rigorosamente falando. Talvez, quando tivermos o nosso Saramago, vejamos alguns principiantes a seguirem-lhe as pegadas mas, por enquanto, cada um vai como pode e como entende melhor, bebendo , pode ser, um pouco daqui ou dali. Não acredito que exista algum guru das letras e que hipnotize, inspire, todos os que vêm atrás.



P: Coloca-se ao nível de alguns círculos a questão das correntes literárias. Existe, que se saiba, alguma corrente literária angolana tida e reconhecida como tal?
R: Sou contra essas definições redutoras. A literatura é o que sai das mentes das pessoas sem preocupações com correntes, com tendências. Podem existir estilos que se assemelhem, uns que façam lembrar outros (eu próprio achei soberbo ler Aníbal Simões em Entre a Morte e a Luz e constatar que tínhamos muitas semelhanças na capacidade de fabular, no desenvolvimento dado aos personagens, na descrição dos ambientes), mas, no fundo, cada um escreve de modo independente, despreocupado com a arrumação redutora que os críticos farão a posterior.

ENTREVISTA ....(2)


P: Estava no 1º ano do ciclo preparatório (actual quinta classe), na Escola Preparatória Marechal Carmona, quando venceu o concurso de redacção com o título «Se eu fosse o director...». Recorda-se do que escreveu nesta composição, já que o destino reservou-lhe efectivamente este cargo?
R: Tenho uma ideia do que escrevi apesar do tempo que já lá vai. Isso aconteceu em 1972, há mais de trinta anos, e o que apontei foram os aspectos que à época precisavam ser melhorados na gestão da Escola Preparatória Marechal Carmona, no Uíge. Lembro-me que critiquei o mau estado dos WC, a infiltração de águas no terraço, os problemas no recreio pela falta de espaço adequado para a prática do futebol, entre outras observações feitas com uma motivação construtiva, edificante. Então como agora penso da mesma forma em relação aos cargos directivos: ou se assumem para fazer obra, ser-se criativo, percursor de mudanças para melhor, ou então devem ser rejeitados.


P: O ano em que nasce é de grande efervescência política em Angola. Há o início da luta armada contra o regime colonialista. O que pôde fixar por altura da independência de Angola?
R: Quando se deu a independência de Angola eu tinha 14 anos feitos. Era, felizmente, dono de uma memória fabulosa, que me permitiu gravar os traços essenciais do colonialismo. Sabia, por exemplo, que os meninos negros eram pobres na sua esmagadora maioria e que, nas suas relações com os colegas de raça branca, eram sempre os coitadinhos a quem caía bem um gesto generoso (como a partilha do lanche na escola, o convite para ir à casa do colega rico, etc.). Os tempos frenéticos anteriores à independência (1974 e 1975) são também marcas fortes como, por exemplo, os confrontos entre a FNLA e o MPLA na antiga Carmona, em Julho de 1975, que terminaram com a retirada das forças do MPLA em direcção a Luanda. Algumas das lembranças desse tempo estão num livro de crónicas que em breve estará nas bancas com o título Antes do Quarto.


P: A ideia que nos traz de Tomessa é a de ser uma aldeia pacata, com estórias incríveis. Que estórias ouviu nessa altura?
R: O Tomessa é de facto uma aldeia pacata. Situa-se a dois km da cidade capital do Uíge, rodeada do verde clorofila que é, no fundo, a imagem de marca de toda a região nortenha, onde praticamente chove todo o ano. É uma aldeia onde não acontece nada de especial, a não ser o privilégio de se poderem ouvir ali estórias belíssimas do infinito imaginário do campo profundo. Contam-se fábulas onde os animais da selva têm todo o protagonismo e transmitem aos homens lições de vida que os inteligentes fazem bem em seguir, lições de humildade, de modéstia, que tornam as pessoas de profunda matriz rural umas jóias, pouco dadas às disputas selvagens próprias do meio urbano e que exercitam até ao limite a solidariedade, o espírito de entreajuda.


P: Como se dá a sua viragem de Director da Rádio Nacional de Angola a Director Geral do Jornal de Angola?
R: Na Rádio Nacional de Angola era, por altura da minha indicação para DG do Jornal de Angola, Director de Informação. Exerci aquela função de Janeiro de 1993 a Novembro de 1994. Pessoas que acreditam nos jovens, no seu potencial, resolveram dar-me uma oportunidade e avançaram o meu nome para preencher uma vaga entretanto aberta no Jornal de Angola com a exoneração do colega Victor Silva. Apenas isso.


P: Beneficiou de uma bolsa de estudos para formação superior em Cuba. A América Latina contempla alguns ilustres escritores e escribas. O que consumiu durante esse período?
R: Foi uma surpresa agradabilíssima o meu contacto com a literatura latino-americana. Direi mesmo que, se calhar, a ousadia de um dia escrever um livro terá nascido ali, na minha descoberta dos magníficos escritores daquela região do Mundo. Fascinou-me de modo incrível o Gabriel García Márquez, que comecei por descobrir através da sua obra prima Cem Anos de Solidão e depois todos os outros escritos seus, ou quase todos, com realce para O Amor nos Tempos de Cólera, O General no Seu Labirinto, Crónica de uma Morte Anunciada, etc. Li-o também enquanto cronista exímio (tinha uma coluna semanal num jornal de Havana, o «Juventude Rebelde», que literalmente se evaporava dos quiosques aos domingos, o dia dos escritos do colombiano). Li outros grandes nomes, como Mário Vargas Llosa, Borges, Neruda, e todos eles redimensionaram o gosto pela leitura que me vinha já de criança. Sonhei em ser um dia como eles, salvas as respectivas distâncias, é claro.


P: Concorda com o sistema socialista que Cuba engrena?
R: É claro que o sistema político de Cuba gera sentimentos contraditórios, uma espécie de amor e ódio contíguos. Acredito em muito do bom que o sistema moldado por Fidel Castro conseguiu, como a educação, a saúde, o desporto, os índices baixíssimos de criminalidade urbana, o respeito pela pessoa humana, etc., mas está claro que sou suficientemente equidistante para não aplaudir muitas coisas do regime, como o esforço inglório pelo igualitarismo, que pretende que um cientista, por exemplo, tenha de penar na bicha do leite como o faz o taxista ou o operário. Não sou do mesmo modo favorável ao olhar desconfiado do regime para com as pessoas com riqueza material, como se viver confortavelmente configurasse um atentado ao pudor. Existem, de facto, situações difíceis, contraditórias, preocupantes, na Ilha onde passei seis valiosíssimos anos da minha juventude, mas admito que por lá são mais as coisas boas, os princípios bons, as normas boas, que abundam, se comparadas com as falhas e os insucessos do regime. Para quem, como eu, dá muito valor à dignidade e tem o sentido de justiça bem arraigado, é claro que respeito muito Cuba e o seu percurso.


P: É comum dizer-se que o jornalista está, de uma ou de outra forma, amordaçado. O que representa para si, em Angola, o exercício do jornalismo?
R- Ser jornalista é, em primeiro lugar, responder a uma vocação. E, como todas as vocações, ninguém sabe explicar porque se quer ser jornalista e não outra coisa qualquer. No nosso caso, qual é a nossa situação? A mesma de qualquer jornalista em qualquer outro lugar do mundo: comprometido com a verdade e agarrado a balizas que são as que definem a linha editorial do meio de comunicação social que o emprega. Não há jornalista nenhum que trabalhe numa revista tipo «Play Boy» e que se atreva a falar mal da nudez, das curvas de sereia das mulheres avantajadas. No entanto, quem escreva para o boletim do bispado nunca terá chances de gabar o erotismo das mulheres. É tudo uma questão de compromisso, de se ter um patrão, por muito que este termo pareça pesado. Disse há dias numa palestra sobre comunicação social que a «independência no jornalismo é qualquer coisa apenas inventada para soar bem aos ouvidos dos democratas, mas que não tem, rigosamente, qualquer realização prática».


P: Fala-se da globalização como uma fonte geradora de aculturação. Que papel cabe aos jornalistas, nesta era da informática, como formadores de opinião?
R: Os jornalistas não precisam de cair rendidos aos encantos da globalização, de modo acrítico. Seria uma tristeza e uma pena. Têm de ser os primeiros a reconhecer que pertencem a um espaço geográfico determinado, a um espaço etno-cultural específico e que, por isso, não precisam virar meras caixas de ressonância ou infelizes copiadores do que outros criam. Se o jornalista for capaz de se assumir no que pensa e difunde como um cidadão de um determinado país antes de sê-lo do Mundo, aí sim, estará a formar opinião, estará a ser útil a si e aos seus, o seu trabalho terá serventia.


P: Que subsídios trouxe para o jornalismo angolano o surgimento da imprensa privada?
R- A imprensa privada veio oxigenar o jornalismo angolano. Para já, trouxe consigo um alargamento do mercado de emprego porque, até então, ingressar no jornalismo significava a priori trabalhar para a TPA, a RNA, o Jornal de Angola ou a Angop. Acho que era um mundo demasiado restrito, não só no aspecto físico, mas entendido também como espaço de ideias. Basicamente, os quatro veículos mencionados têm a mesma orientação editorial, pois são de capitais públicos. A imprensa privada alterou o «status quo» e permitiu, pela primeira vez em décadas, outros ângulos de abordagem. A visão monolítica da sociedade não é uma virtude, aliás, só ajuda a criar mitos que podem levar muito tempo a desmantelar, com todo o prejuízo que causa em gerações de indivíduos. Dito de modo mais directo, o surgimento da imprensa privada foi um passo positivo. Não quer isto dizer, porém, que ela seja um poço de virtudes. Tem as suas falhas, os seus desacertos e até por culpa sua ou não é deste tempo a ideia que acho ridícula de se acreditar que só existe liberdade de imprensa se um órgão determinado falar mal do Governo.

ENTREVISTA RETIRADA DO SITE DA UNIAO DE ESCRITORES ANGOLANOS


"Adoro criar situações inverosímeis»



LUÍS FERNANDO Entrevista de Aguinaldo Cristóvão. Linguagem fluída e estórias quase sempre risíveis, até misteriosas, fazem parte do modus operandi de Luís Fernando. O escritor e jornalista manifesta uma preocupação estética intimamente ligada ao prazer que a escrita lhe dá. O realismo mágico tem sido a sua marca, mercê da vivência e da literatura latino-americana que consumiu. Gabriel Garcia Marquez é, aliás, a mais importante fonte de inspiração. O director do Jornal de Angola, como muitos escritores, é contra as definições redutoras. «A literatura é o que sai das mentes das pessoas sem preocupações com correntes, com tendências».




P: A história que descreve em A Saúde do Morto é um bom ponto de partida para conhecer a sua infância. Que aspectos de Tomessa mais lhe marcaram na infância, os quais terá usado na literatura?
R: A Saúde do Morto é o levantar daquelas questões que deixaram em mim dúvidas profundas enquanto menino. No meio rural, como se sabe, os mitos e as crenças são em número sem conta e eu, nascido numa aldeola do Uíge, não poderia de modo algum ver-me livre desse mundo rodeado de estórias por explicar. O que me marcou na infância e está presente com grande peso no meu primeiro livro de ficção é o medo da noite, o medo que no fundo nos é inculcado pelos mais velhos no campo em relação aos demónios que andam à solta de noite e com quem nos podemos cruzar e tudo o que isso possa significar. A poligamia, vista como coisa mais do que normal na aldeia, as suspeitas em relação às pessoas que conseguem enriquecer num meio genericamente pobre, que só o conseguem tendo «mortos» a trabalharem para elas, enfim, um grande número de crenças do tipo «acredite se quiser», que qualquer menino de aldeia se habituou a escutar até se fazer homem. O meu livro é isso, essencialmente.


P: Foi uma criança que, como li, teve invulgar apetência pelas coisas simples. Desde a sua infância no Uíge ao seu amadurecimento profissional em Cuba, teve no futebol uma grande paixão. Faço-lhe duas questões ao mesmo tempo: já pensou escrever sobre futebol e qual tem sido a sua relação com este desporto hoje?
R: Os temas no percurso de um escritor surgem sem um pré-determinismo. Não disponho de um inventário a definir que escreverei sobre tal e tal tema nos períodos tais e tais; a inspiração flui livre e com ela a eleição de assuntos. Neste momento não tenho o tema futebol para um romance possível, conto ou qualquer outro género literário mas nunca se sabe o que poderá vir a suceder amanhã. Obviamente que o futebol continua muito presente nos meus actos. Sofro com o meu Sporting (Clube de Portugal) quando as coisas não correm bem e não perco o bom futebol dos principais campeonatos da Europa. Quanto a escrever, abracei uma onda revivalista desde há algum tempo, assinando algumas notas no Jornal de Angola sobre o desempenho da selecção nacional, os Palancas Negras. Era muito difícil sendo eu o jornalista desportivo que fui na década de 80, permanecer indiferente à campanha dos Palancas rumo ao CAN e ao Mundial da Alemanha.

CRÍTICA LITERÁRIA ....A SAÚDE DO MORTO



Romance de Luís Fernando "A Saúde do Morto", pode ombrear com clássicos africanos, diz António Fonseca


18-Abr-2008

O director do Instituto Nacional do Livro e do Disco (Inald), António Fonseca, considerou nesta sexta-feira à noite, em Luanda, que o romance "A Saúde do Morto", do jornalista angolano Luís Fernando, tem qualidade temática e linguística para ombrear com clássicos da literatura oral africana.
Ao apresentar o novo formato do produto, publicado pela primeira vez em 2002, o também escritor classificou a obra como "um extraordinário exercício de recreação da oralidade na escrita", com a qual se buscam novos e profundos ângulos de abordagem."A Saúde do Morto, em que o tempo é definido pela própria história, tem que ser encarado como um extraordinário exercício de recreação da oralidade na escrita, no qual o autor procura novos ângulos de abordagem, centrando-se, particularmente, em dar conta da sobrevivência da tradição, num contexto de modernidade ou modernização". António Fonseca argumentou que, com o livro, o autor procurou e conseguiu prolongar para a literatura escrita "muito" do discurso da escrita oral tradicional.Luís Fernando, explica o apresentador, socorreu-se de uma língua enquanto fusão de estruturas linguísticas de duas ou várias línguas, assim como do heterolinguismo e ao desenvolvimento de neologismos para dar corpo ao romance."Esse é um romance em que a cultura oral não desaparece. Produz uma síntese em que as características da cultura oral são absorvidas, assimiladas e reorganizadas numa nova experiência cultural. Isso só foi possível porque o autor tem um conhecimento profundo da sua cultura, da versão narrativa e das formas retóricas orais", considerou.Para o escritor, Luís Fernando repõe o hábito da oralidade na literatura, através da introdução de histórias, mitos lendas, fábulas, anedotas, canções, provérbios e níveis da narrativa no desenvolvimento de enredos e temas."Por isso, o impulso oralizado de hoje no romance africano, tal como a Saúde do Morto, é especialmente forte, uma vez que os escritores, como no caso, são uma resultante da tradição oral e da educação literária. Nessa perspectiva, podemos dizer que se trata de um romance capaz de ombrear com outras obras de autores africanos".Por sua vez, o autor do livro, editado pela Editorial Nzila e comercializado a mil e 500 kwanzas, agradeceu o apresentador pela apreciação crítica de A Saúde do Morto, um trabalho cujo personagem principal afirma ter existido na província do Uíge.A Saúde do Morto é o romance de estreia de Luís Fernando, nascido em 1961, na província do Uíge. Licenciado em Jornalismo, pela Universidade de Havana, Cuba, é autor de cinco livros, com destaque para "90 Palavras", "A Saúde do Morto", "João Kyomba em Nova York" e "Clandestinos no Paraíso". Tem no prelo um novo romance,intitulado "a cidade e as duas órfãs malditas"
Fonte : Agencia Angolapress

A TULA QUER UM LUGAR NO BLOGUE DO PAPÁ

Pois é, vaidosa como só ela, a Tula Isabel, minha filha mais velha, acha que tem de estar bem visível aqui, para que o blogue do papá tenha mais vida. Papel de pai é também esse, de atender aos caprichos dos herdeiros. Por isso, aqui está ela, com uma foto em que mostra toda a pujança dos seus 12 aninhos. A foto foi feita no Cais de 4, um belo restaurante da nossa cosmopolita Luanda.

sábado, 28 de junho de 2008

FESTAS DA CIDADE DO UIGE ....1 a 7 JULHO

Nosso poiso no Uíge...

A piscina, à noite....


Sede do Governo Provincial



O antigo Estádio do Clube Recreativo do Uíge (CRU), onde meu pai brilhou como futebolista, na década de 60. Hoje, como se pode ver, é o Estádio 4 de Janeiro, bem melhor do que foi no passado : relva, muro, tribuna VIP, balneários...um mimo !





Um ângulo da cidade, captado a partir do passeio do Palácio do Governo.




A Rua do Comércio, no começo. Da velha rotunda de Ricardo de Matos Gaspar (RIMAGA) em direcção à Igreja da Sé






Lá em casa, minha mana Lena e marido, Nicolau das Neves....o tio da cidade, o homem que me descobriu e me introduziu nas lides do jornalismo, em 1978 !







A casa onde vivi no Tomessa. Construimo-la em 1966 e toda a família aqui encontrou poiso,amor e educação , até que começou a dispersão natural da vida. Saí do Tomessa em 1979, aos 18 anos.








O imponente Palácio do Governo do Uíge. Aqui viveram homens como Altino de Magalhães, Rebocho Vaz e outros. A guerra não poupou esta jóia da arquitectura , verdadeiro símbolo do poderio económico-financeiro das terras do Uíge.









Antigo Liceu Salazar de Carmona, hoje instalações do Núcleo Universitário. Aqui fiz o antigo Curso Geral do Comércio, onde tive a oportunidade de conhecer inteligências raras como a do professor Humberto Pires Lopes (Matemática) e Oliveira (Geografia) -antes da independência de Angola - e Massamba Cardoso, já depois de 1975. Tempos de ouro da Educação !










O emblemático edifício dos CTT. O coração da cidade é aqui, com a concentração dos principais Departamentos que asseguravam a funcionalidade do Estado: Câmara Municipal, Governo do Distrito, Forças Armadas, Agricultura, Finanças....












A arquitectura e o bom gosto. Um ícone da cidade este edifício!






















Terreno baldio frente ao Palácio do Governo do Uíge, onde se diz que vai nascer um hotel moderno, o Palácio Hotel












A inocência dos meninos, fazendo o percurso lavra-casa (no caso o Bairro Mbemba Ngango, como eles confessaram) . Encontram-se a 2-3 kilómetros da cidade do Uíge, na estrada que liga o Quitexe à capital da província.






























Meu cunhado Fefé maravilhado com a beleza dos lugares que testemunharam a minha primeira infância. Vivi a 300 metros deste sítio, dos zero aos 6 anos de idade, ou seja, de 1961 a 1967.





Pormenor de uma rua do elegante Bairro Popular nº 1, ou Bairro da Piscina como também se conhece. Aqui, exactamente, fica a casa do falecido nacionalista Manuel Quarta Punza




























O velho controlo da estrada Negage-Uíge, bem perto do Candombe Novo e do desvio para a minha amadíssima aldeia, o Tomessa.





Terra de fertilidade infinita. Até nos tectos a micro-agricultura é possível. Ousada, intrusa, mas lá está . Se não ajuda na alimentação, ao menos serve para alegrar a vista e dar conforto aos pardais e às andorinhas, que assim têm alcatifa de borla































A estrada renovada. Quando se governa a pensar no progresso, só podem mesmo acontecer maravilhas como esta. Nesta estrada (Luanda-Uíge, 350 km.), há apenas 3 anos atrás, os automobilistas ficavam 2 dias, 1 dia, 20 horas, 12 ....Era a tortura dissimulada em viagem !



















O bom das viagens por estrada. Tem-se contacto com a verdade da vida, a realização dos homens simples, a agricultura, o verde, o oxigénio, os cheiros, a mística, a terra vermelha, tudo isso que faz de África o fascínio que é !











































Viajar por estrada. Só descobertas....























As abóboras. Aldeola a curta distância da ponte sobre o rio Dange. Quando se chega a este lugar, no percurso Luanda-Caxito-Úcua e destino Uíge, aqui se tem a certeza que estamos a chegar ao fim de nossa viagem. Mais umas aceleradelas e entra-se em território do Uíge, deixando para trás o vasto Bengo












O Uíge e a pujança da sua agricultura. Banana-pão , como geralmente se diz, mas que para nós é -sempre foi - a célebre e insubstituível banana de assar, que foi a alegria dos nossos matabichos na infância, com chá Namuli , Licungo , de limão ou de caxinde....
























Vão acontecer as FESTAS DA CIDADE DO UÍGE, de 1 a 7 de Julho de 2008.


























Prevê-se a realização de numerosas actividades .


























No primeiro dia do programa, será apresentado o romance de Luís Fernando, filho do Uíge - quer dizer, euzinho aqui - intitulado A CIDADE E AS DUAS ÓRFÃS MALDITAS.




















































Pedacinhos do livro....


























Imagens da cidade em festa....


























Lugares de Luanda, onde a história aconteceu no século XIX ...


























e uma infinidade de motivos , deixo-os aqui para vossa apreciação e deleite....


























Ah....muita fotografia como sempre ! Eu amo a fotografia....e a literatura, claro !