domingo, 29 de junho de 2008

CRÍTICA LITERÁRIA ....A SAÚDE DO MORTO



Romance de Luís Fernando "A Saúde do Morto", pode ombrear com clássicos africanos, diz António Fonseca


18-Abr-2008

O director do Instituto Nacional do Livro e do Disco (Inald), António Fonseca, considerou nesta sexta-feira à noite, em Luanda, que o romance "A Saúde do Morto", do jornalista angolano Luís Fernando, tem qualidade temática e linguística para ombrear com clássicos da literatura oral africana.
Ao apresentar o novo formato do produto, publicado pela primeira vez em 2002, o também escritor classificou a obra como "um extraordinário exercício de recreação da oralidade na escrita", com a qual se buscam novos e profundos ângulos de abordagem."A Saúde do Morto, em que o tempo é definido pela própria história, tem que ser encarado como um extraordinário exercício de recreação da oralidade na escrita, no qual o autor procura novos ângulos de abordagem, centrando-se, particularmente, em dar conta da sobrevivência da tradição, num contexto de modernidade ou modernização". António Fonseca argumentou que, com o livro, o autor procurou e conseguiu prolongar para a literatura escrita "muito" do discurso da escrita oral tradicional.Luís Fernando, explica o apresentador, socorreu-se de uma língua enquanto fusão de estruturas linguísticas de duas ou várias línguas, assim como do heterolinguismo e ao desenvolvimento de neologismos para dar corpo ao romance."Esse é um romance em que a cultura oral não desaparece. Produz uma síntese em que as características da cultura oral são absorvidas, assimiladas e reorganizadas numa nova experiência cultural. Isso só foi possível porque o autor tem um conhecimento profundo da sua cultura, da versão narrativa e das formas retóricas orais", considerou.Para o escritor, Luís Fernando repõe o hábito da oralidade na literatura, através da introdução de histórias, mitos lendas, fábulas, anedotas, canções, provérbios e níveis da narrativa no desenvolvimento de enredos e temas."Por isso, o impulso oralizado de hoje no romance africano, tal como a Saúde do Morto, é especialmente forte, uma vez que os escritores, como no caso, são uma resultante da tradição oral e da educação literária. Nessa perspectiva, podemos dizer que se trata de um romance capaz de ombrear com outras obras de autores africanos".Por sua vez, o autor do livro, editado pela Editorial Nzila e comercializado a mil e 500 kwanzas, agradeceu o apresentador pela apreciação crítica de A Saúde do Morto, um trabalho cujo personagem principal afirma ter existido na província do Uíge.A Saúde do Morto é o romance de estreia de Luís Fernando, nascido em 1961, na província do Uíge. Licenciado em Jornalismo, pela Universidade de Havana, Cuba, é autor de cinco livros, com destaque para "90 Palavras", "A Saúde do Morto", "João Kyomba em Nova York" e "Clandestinos no Paraíso". Tem no prelo um novo romance,intitulado "a cidade e as duas órfãs malditas"
Fonte : Agencia Angolapress

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