A mãe de Beneditto Júnior era uma mulher com a aridez própria das gentes criadas no campo, ao estilo do marido, e tinha no seu currículo tudo o que uma mulher cinquentona do seu tempo podia esperar : os anos austeros de aldeia, com aquela magreza sem graça e a inconfundível tristeza da pele que mostra sempre as pessoas com um semblante de novato envelhecido ; os filhos, muitos e em cascata, atropelando-se nas traquinices do quotidiano como rebanho de cabras em dia chuvoso; a infinita capacidade de perdão, que lhe permitia encarar as zangas e os dissabores como meros percalços na conquista do Paraíso ; e a certeza não revogável de que as raças tinham hierarquias definidas por Deus, sendo escusado e perigoso desrespeitar essa vontade nascida no acto mesmo da formação do Mundo.
sábado, 28 de junho de 2008
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